terça-feira, 20 de setembro de 2011

PORTUGAL E BRASIL: OS MEDIA E A CRIMINALIDADE


No passado Domingo, dia 18 de Setembro, a TVI pôs no ar a reportagem informativa: "Assaltos aumentam 40% em algumas zonas"(http://www.tvi24.iol.pt/videos/video/13484260/4)
A reportagem refere os 40% de aumento mas não diz em que áreas da cidade e que tipo de assaltos. A apresentação dos 40% está lá, mas sem referir o quê, quando e onde.
Limitam-se a referenciar a necessidade de reforço policial nos comboios da linha de Sintra, na Margem Sul, em Loures, mas não nos dizem qual o valor percentual da criminalidade dessas áreas ou a sua associação ao aumento da criminalidade em 40%. 
No entanto, nos dois minutos de reportagem foi possível apresentar; "os grupos de jovens" que no segundo seguinte passaram a "indivíduos negros"; e as três acções criminosas presenciadas pelos jornalistas num turno inteiro, quando no minuto anterior referiam que só os assaltos de esticão chegam a dez por dia.

Os media, de forma sensacionalista, associam os assuntos da criminalidade com determinados grupos culturais e comunidades. Esse público-alvo, são aqueles, a que determinada centralidade já identifica com os diversos factores de exclusão.
Ao fazerem-no, os media mexem na percepção dos receptores, transformam e condicionam a opinião pública (ex: caso do arrastão), fomentando crenças que não estão de acordo com a realidade, criando uma sociedade menos justa e disruptiva na resolução dos seus problemas.

No meio institucional e académico, existem dois documentos que desmistificam a associação entre imigração e criminalidade: 
- "A Criminalidade de Estrangeiros em Portugal" editado pelo Observatório da Imigração do ACIDI: http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Estudos%20OI/Estudo%2013.pdf;



Já no Brasil, depois do espectáculo de Dezembro passado no Complexo do Alemão, a mesma comunidade foi noticiada no principio deste mês por novos confrontos entre policias e traficantes. Supostamente os traficantes estariam a tentar tomar novamente conta da comunidade levando a uma pronta resposta das forças policiais.


Nos dias seguintes, as contas Twitter e Youtube dos moradores e actores sociais do Alemão foram contradizendo a versão oficial. Na verdade a policia tentou acabar com uma festa na comunidade e a troca de tiros deu-se entre as próprias forças policiais como manobra de diversão.
Enquanto a guerra não acabar, não dá para disfarçar, ainda para mais se sãos as policias que exercem a cidadania dentro das comunidades.

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